segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

"O dia em que te esqueci"


"(...) Vivi iludida durante tanto tempo, julgando que o amor era feito de grandes arrebatamentos! Até o será, certamente, para os espíritos apaixonados. Mas tem de haver muito mais. Momentos perdidos no tempo não enchem dias. Noites sozinhas na cama a desejar o teu corpo ao meu lado, semanas, meses, anos de solidão povoada de segundas escolhas, até apareceres outra e outra vez, e para quê? Para me obrigares a pôr o coração ao espelho e depois desapareceres de novo? Para assegurares que o meu amor por ti se mantinha, eterno, certo, intemporal, intocável?

Tu não voltavas por mim, voltavas por ti e para ti. Os teus regressos serviam para marcares ainda e sempre o teu território. Mas tu alimentavas a ausência, o vazio, o gande equívoco de todo este amor. Porque na verdade, meu querido, estou agora em crer que nunca houve amor. Não da tua parte.

Há alguns meses, voltaste a afirmar que olhavas para trás e vias uma pessoa muito especial e importante. Mas enquanto me viveste sempre negaste, lembraste? Eu é que era a louca, que te perseguia, a teimosa que não te largava, a obstinada que não desistia (...)."


Por Margarida Rebelo Pinto in O dia quem que te esqueci.



Magnifico livro, este que ando a ler.... surpreendente.

Vale a pena ler. Como diria a autora: para as mulheres que viveram um grande amor e para os homens que o perderam!


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Eu venho no fim

" Na lista dos teus fins, venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja, embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento desconhecido
de acordar de manhã,
dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-te como um manto."

António Franco Alexandre

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Gritar


Apetece-me gritar até rebentar as artérias....

Apetece-me bater, correr, gritar, gritar, gritar.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A história de Narciso


"O Alquimista pegou num livro que alguém na caravana tinha trazido. O volume estava sem capa, mas conseguiu identificar o seu autor: Óscar Wilde. Enquanto folheava as suas páginas, encontrou uma história sobre Narciso.
O Alquimista conhecia a lenda de Narciso, um belo rapaz que todos os dias ia contemplar a sua própria beleza num lago. Estava tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado.
No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que chamaram de narciso.
Mas não era assim que Óscar Wilde acabava a história.
Ele dizia que quando Narciso morreu, vieram as Oréiadas – deusas do bosque – e viram o lago transformado, de um lago de água doce, num cântaro de lágrimas salgadas.
- Por que choras? – perguntaram as Oréiades.
- Choro por Narciso – disse o lago.
- Ah, não nos espanta que chores por Narciso – continuaram elas.
- Afinal de contas, apesar de todos nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, tu eras o único que tinha a oportunidade de contemplar a sua beleza.
- Mas Narciso era belo? – perguntou o lago.
- Quem mais que tu poderia saber disso? – respondera, surpresas as Oréiades. – Afinal de contas, era nas tuas margens que ele se debraçava todos os dias.
O lago ficou algum tempo em silêncio. Por fim, disse:
- Eu choro por Narciso, mas nunca tinha percebido que ele era belo.
“Choro por Narciso, porque todas as vezes que ele se debraçava sobre as minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza reflectida.”"

Começa assim, o mais belo livro que algum dia li.....
Quatro vezes foi relido, nas mais variadas alturas da minha vida. A primeira vez foi aos 13 anos, a quinta vez será aos 27 anos.

Este livro têm nas suas palavras uma mística inexplicável. Cada vez que o re-leio sinto-o de outra forma.
Hoje ao recomeçar, esta história de Narciso, fez-me recordar um velho e grande amor.
E percebi que se se hoje choro, porque as vidas tomaram rumos diferentes e distantes, não é por esse velho amor ter sido belo, mas sim porque cada vez que eu olhava bem dentro do seu olhar, via a minha própria beleza, a minha verdadeira essência.
Agora que não o tenho, percebo que a beleza até pode continuar em mim, mas eu, deixei de ter a capacidade e os meios de a ver.

Sem esse velho e grande amor.... a vida continua, mas a história essa é outra.

Voltando às páginas do “Alquimista” de Pedro Coelho..... até breve.

Um pouco de nós!

Gosto de ti como quem gosta do sábado,
Gosto de ti como quem abraça o fogo,
Gosto de ti como quem vence o espaço,
Como quem abre o regaço,
Como quem salta o vazio,
Um barco aporta no rio,
Um homem morre no esforço,
Sete colinas no dorso
E uma cidade p’ra mim.

Gosto de ti como quem mata o degredo,
Gosto de ti como quem finta o futuro,
Gosto de ti como quem diz não ter medo,
Como quem mente em segredo,
Como quem baila na estrada,
Vestido feito de nada,
As mãos fartas do corpo,
Um beijo louco no porto
E uma cidade p’ra ti.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Por Pedro Abrunhosa: Ilumina-me



segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tento Saber


"Tento saber como é que vai ser, se posso viver sem ti. Tento fugir, mas eu só penso na hora em que estás aqui....Tu nunca vens e quando apareces finges que não há nada.
Deixas-me só sempre a pensar que chegamos ao fim da estrada!
Pode parecer que sou livre, mas eu estou presa a ti...
Às vezes disfarço e não consigo, mas eu só penso na hora em que estás aqui!
Ligas para mim eu vou até ai, depois dizes que não podes.... prometo que não te quero ver mais até que tu não me largues.
Não vejo ninguém, vou por ai, deixo passar as horas.... chamo-te nomes, grito contigo e tu dizes que me adoras.....

Pode parecer que sou livre, mas eu estou presa a ti, às vezes disfarço e não consigo.... e eu só penso na hora em que estás aqui!!!!

Tento manter a calma às vezes, parece que não te ligo....
Pode parecer até que te esqueço, mas eu só quero estar contigo. Tento dizer adeus e tu deixas, sempre uma porta aberta.... tento esconder, fujo para a noite, acordo de uma directa...

Pode parecer que sou livre, mas eu estou presa a ti, às vezes disfarço e não consigo, e eu só penso na hora em que estás aqui....."


Por Nuno Guerreiro: Tento saber

sábado, 28 de novembro de 2009

Ela: Saudade


É esta saudade ingrata que a consome.

Esta saudade que é tão cravada!

Tudo o resto passa.... a dor, a ausência, a indiferença.... mas a saudade é algo que a mata lentamente.

É esta saudade louca, esta saudade que vive no peito.... saudade!!!!!

Sabem? Entendem o quanto mata a saudade? O quanto fere a saudade?

Sabem o que é sentir que não há mais, que terminou, que nada volta atrás.... que nada sobrou, porque no fim nada começou... nada...entendem?


Mas aquela maldita saudade que a adormece, é aquela mesma maldita saudade que a acorda e a persegue.... que raio de sentimento este a que se chama saudade....


Saudade do toque, do respirar baixinho junto ao pescoço, do encaixe perfeito de mãos.... daquele olhar.....

As saudades que a consome são essas: a do olhar!

Tamanho do tipo de letra

Que se dane a saudade.... que saudade? Saudade de quê? Daquilo que não houve, do espaço que não foi dela? Saudade do quê diacho..... da imagem que criou naquele homem que amou e que não passou de mais um vazio....


Saudade???? Mas que saudade???? Mas que vontade essa de voltar a tocar, de voltar a sentir, de voltar a respirar.....


Saudade.... essa que a faz chorar sozinha, que a consome quando a noite caí, que a devora sem piada....


Por acaso alguém sabe o que pesa a saudade? A dor aguda da saudade, alguém sabe?????


Ela sabe, que amor já não é..... ficou apenas isso a que chamam tortura suprema: Saudade! O que é? Nem ela sabe... mas ouviu dizer que chamam a isso saudade!


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Quem!


Quem sabe de nós, de cada um de nós?
Quem nos lambe as feridas quando não lhes conseguimos chegar?
Quem nos olha nos olhos, quando não nos conseguimos identificar?
Quem nos afaga o rosto e nos enxuga as lágrimas, quando estamos feridos de mais para erguer as mãos?
Quem nos levanta, quando estamos no fundo?
Quem chora connosco, quando já nem forças temos para chorar?

E quem ri connosco das coisas parvas da vida, das lágrimas perdidas na face, dos olhos fundos e acabados, das expressões inacabadas dos nossos rostos sem esperança.... quando acordamos, e percebemos que a vida é uma montanha russa, e não podemos ser felizes o tempo inteiro.

Quem se senta ao nosso lado e nos diz: "Isso vai passar um dia", e depois se senta novamente connosco, de copo erguido no ar para dizer: "vamos celebrar, eu não te dizia?"

Quem dança connosco quando só queremos estar debaixo da chuva que nos molha o rosto?
Quem nos abre o coração para que possamos repousar?
Quem nos estende a mão quando não temos por onde caminhar?
Quem nos abraça quando vencemos?
Quem nos dá esperança quando a perdemos?
Quem nos dá força quando estamos descrestes?

Quem?


A vida é tão curta para perceber o porquê de algumas coisas serem como são, de algumas coisas acontecerem como não queriamos que acontecessem.... mas assim é a vida, para quê querer o que não é?
Para quê querer a perfeição, se essa não existe, porque se existisse por certo detestarmo-la-íamos.... porque a condição humana é imperfeita!

Porque não ser feliz, apenas porque os olhos brilham, ser feliz porque sim e sem perguntas!

Que importância tem, se alguém não nos quer como gostariamos, se as pessoas que mais respeitamos nem sequer nos conhecem, se quem mais queriamos que nos olhassem bem no fundo dos olhos não percebem que estamos por aí!

Que importa?

Quem lamberá essas feridas?????

O importante é quem temos ao nosso lado, e não quem gostariamos que também estivesse ao nosso lado!

A vida é feita de escolhas, uns escolhem ficar connosco, gostar de nós, e outros..... bem existem os outros que não!

Mas as escolhas existem e são assim mesmo! Trazem mágoa, mas trazem a certeza de que aqueles que estão ao nosso lado são as pessoas que levaremos sempre connosco...

Ninguém me disse que a vida sería exactamente como imaginei....

Todas as feridas saram, podem deixar marca, mas com o tempo habituamo-nos às marcas esquecendo que um dia foram feridas, e que um dia alguém nos magoou assim tanto, sem dar por conta!

O que importa não é quem passa e não quer ficar, quem importa são os que vêm sem saber quem somos, que não nos temem, que nos aceitam, que nos olham e que ficam, porque gostam.... porque vão gostando, porque não desistem de nós...

A quem me acompanha o meu obrigada!


Há coisas bem mais importantes, há pessoas bem mais importantes que tudo o resto.
São essas pessoas que nos fazem crescer, aprender, renascer, e envelhecer....




sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Até já

Quase de partida....
Gostava de pensar que fosse de ida, só de ida, onde não houvesse os pedaços de mim, as memórias que me arrastam, as lembranças que me somem e que se somam... e que por muito que me esforce não desaparecem.

Ir, partir, sentir, excluir, renovar, cair, levantar, sonhar de novo, viver de novo.

Onde? Qualquer lugar....

Mas sim estou de partida.... é isso que importa agora.... voltarei.... mas por agora, deixem-me pensar apenas que estou de partida!

Até já!


domingo, 8 de novembro de 2009

Boas vindas

Porque as crianças são o melhor do mundo.... porque nasceu a Maria Inês e a Leonor.... aqui fica o meu pequeno mimo e as minhas boas vindas a estas duas meninas!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ela


Ela voltou a encher o coração, de um sopro forte e arrebatador.

Despiu-se diante de si e pensou que existe alturas na vida que é preciso mudar.

Mudou de braços entrelaçados nos dela, retomou o sorriso nos lábios de outra pessoa, ateou o seu olhar na plenitude de outros olhos.... mas o coração esse ainda era um caminho longo a percorrer e a alma um abismo ainda muito fundo para retornar.

Mas ganhou coragem de olhar em frente, ganhou coragem de aceitar que as coisas mudam de lugar, que as vidas lançadas ao mundo são peças de puzzle que nem sempre encaixam, que os sonhos raramente se realizam e que a felicidade é uma miragem de pouca gente.

Mas mesmo assim enxugou as lágrimas e erguei o queixo. Soltou uma gargalhada e respirou fundo.

Podia ser feliz!

Podia....

Mas talvez fosse apenas um engano esta entrega ridicularizada ao sexo.


Não podia dar mais nada que isso: Sexo....

Afinal não sabia dar mais nada, apenas não sabia!

O amor pleno e absoluto, total e fugaz tinha morrido, ou tinha sido esquecido... ou tinha sido arrumado a um canto, ou simplesmente estava lá cada vês que se olhava ao espelho, mas estava lá apenas por detrás do espelho.
Já não era palpável, já não se colava a si nas noites de luxúria....

Agora tinha outro corpo colado ao seu, outro sabor por entre os dedos, outro suor a correr sobre a pele.

Agora já não havia entrega.... agora havia apenas a facilidade que dois adultos têm de conceder prazer....

Mas que importa? A felicidade é tão remota, a felicidade é tão momentânea! Se aquela entrega lhe dava arrepios naquele momento, porque não adormecer como outrora adormeceu?

Adormeceu e pensou: que se dane o amor.... o sexo por sexo é a melhor forma de não magoar ninguém.... para quê exigir mais que isso!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Carta anónima

Há dizeres que mesmo não sendo nossos podem adaptar-se a qualquer um de nós.

Uma carta de alguém para outro alguém, uma carta talvez já perdida na memória dos intervenientes, mas que pela brutalidade dos sentimentos, da dualidade de sentimentos, depois de lida por mim, não me foi possível ignorar....
Porque mesmo não sendo (como referi) nossa, podia ser de qualquer um de nós para qualquer um de nós.... e talvez acorde algúem adormecido pelo medo ou pela comodidade, a que muitos chamam de covardia no primeiro caso e conforto no segundo.


"Confesso que houve o tempo em que eu pensava que era escrito para mim.... Confesso que alimentei esse sonho durante quase todo este tempo.... Confesso que perdi essa fé não há muito!
Agora entendo que não.... E lamento, não que eu não seja a, mas que eu tenha criado uma ilusão sobre esse facto.
Mas as pessoas aprendem assim, e tu ensinaste-me a ser hoje uma mulher muito mais segura e mais forte.
No fundo, sempre tive a certeza do que sentias, mas fui fechando os olhos e deixando-me levar pela música que em mim tocava (foi a forma menos dolorosa que consegui arranjar).

Muitas vezes é menos doloroso mentir a nós próprios.... Acabamos por conseguir convencer o mundo, e nós....
Foste uma pessoa importante, mas é isso mesmo: aprendemos que quando amamos temos de deixar a outra pessoa livre...
E só assim o nosso coração pode voltar a respirar e a absorver novos mundos e novos seres.
Só tenho pena que os teus "ses" te tenham privado do maior bem do mundo: o amor pleno.

Há amores que não voltam, há pessoas que não ficam e só elas deveriam permanecer.

Cuida de ti, e sê feliz.... E nunca tenhas receio de dizer: eu gosto de ti!"



Como diria este alguém há amores que passam e não ficam.... e só eles, apenas eles deveriam ficar!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

The end of the road

Às vezes não sei se sou apenas uma frase inacabada, ou um livro sem conclusão.
Sei que tenho vezes em que nada me faz sentido, em que nada me é devido, e onde lugar nenhum é o meu lugar, como se eu não fosse parte de nada, não tivesse crença, substância, intervalo ou particularidades que me incluam.

Não sou nem deixo de ser, não recuso nem aceito, e principalmente não me aceito nem me recuso.

Não me falseio nem me altero, não me moldo nem me reafirmo.... não mudo!

E isso faz de mim ou faz-me ter apenas a minha alma....

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pensamento do dia

"Nessa encruzilhada do desejo e da necessidade, não deixes nada: não voltarás lá nunca mais."

Omar Khayyam

Bom fim de semana.


domingo, 20 de setembro de 2009

Faz de conta que está tudo bem


Fazemos de conta que está tudo bem, que tudo ficou muito melhor depois, que tudo foi apenas algo que se escondeu, com medo de se perder, com medo de se sofrer!
Fechamos a porta da nossa história com a leveza brutal da indiferença, não queremos mais saber o que fomos, se somos, quem seremos agora assim, perdidos!
Não adianta fechar os olhos e fingir que não nos vemos, que não nos queremos, que não contamos o tempo ao segundo.
Não sei quem nos fez caminhos paralelos, quem nos fez ventos de norte e de sul, quem nos encheu a alma de quilómetros, quem nos deu asas e nos amarrou ao chão.
Não sei qual de nós falhou, não sei qual de nós desistiu, não sei que muros criamos, que laços rasgamos, que lágrimas deixamos por chorar, que palavras deixamos secar.
Não sei quem foste e quem inventei, não sei de ti agora que não te tenho, não sei de mim agora que não me revejo, não sei de nós..... o que será feito de nós? Agora?

Não sei se é nobreza deixar partir, se é tão cruel amar!

Não sei se existe nevoeiro pior que este, em que o beijo se perde no corpo da gente, em que a voz se queima na chuva dos olhos!


Mas eu sei e tu sabes, que a vida quis assim, que nada neste mundo te trouxesse junto a mim.
E agora que o sei bem e que nada mais me faz pensar-te, te digo:
"Amei-te enfim, de um claro amor prestante,
E achei que te amaría além, presente na saudade.
Amei-te enfim, com tanta liberdade,
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amei-te simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude,
Com um desejo maciço e permanente.
E de ter te amado assim, tanto e amíude,
É que um dia em teu corpo de repente,
Pensei que haveria de morrer,
Por te ter amado mais do que pude."

"In Vinicius de Morais"

Mas hoje nada mais me dá de ti, esse amor outrora agreste e persistênte, ardeu num fogo fátuo a olhos nus.... aos olhos do mundo e de toda a gente....

E por fim morreu!


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sós


O que mais nos atormenta o espírito é a forma abrupta como algumas coisas terminam.

É a forma como os dias tem de prosseguir sem aquela rotina que nos fazia crescer a cada pensamento ridiculamente igual ao anterior!

A forma como o destino controí e destrói caminhos é que assusta.... a forma avasaladora como lança as cinzas contra o vento.


Sacudir a água que nos pesa nos ombros depois do rescaldo da noite não nos enchuga os olhos cansados e permeáveis.


A crença religiosa de que o mundo conspira a nosso favor, tem vezes que parece uma estórea cruel de mais para nos ser contada...


E depois vem o reviver, e o reviver...


Que nos massacra como uma torneira mal fechada que vai pingando, e vai pingando e fazendo aquele som pela noite dentro... quando o silêncio impera e quando o pingar da torneira e o silêncio da noite se misturam.


Mas o que mais nos atormenta o espírito é a forma abrupta como as coisas terminam, como deixam de estar nos lugares habituais, e a perda passa a ser demasiado pesada para ser levada ao peito.


É isso mesmo: a perda das coisas que terminam abruptamente é que nos vai tornando irremediavelmente sós!


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lisboa

Hoje Lisboa será mais amena, mas distante, mais serena.

Lisboa hoje terá um olhar diferente sobre o céu. Será o abrigo perfeito.

Lisboa hoje é um abismo sobre os dias claros, é a perfeita ilusão de que estamos recompostos, de que não somos, de que não fomos com a certeza indubia que nunca seremos.

Lisboa hoje voltará a ser perfeita repousando na visão dos dias novamente cinzentos.

Lisboa ganhou hoje uma nova alma....

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ela


Ela voltou-se para si revoltada, como se o mal do seu mal fosse seu.
Nada do que tinha feito até então tinha sido o correcto. O seu corpo passára a ser agora apenas um, e nada do que tinham sido voltaria a ser.
Pensou como era ela capaz de aguentar em silêncio tanto sofrimento, pensava como podería um coração, o seu coração, aguentar tanto.

Fugiu....
Não queria pensar.
Correu para fora dalí como se fossem aquelas paredes os retratos da sua memória, como se aquelas paredes contassem em segundos a sua história, as noites, os dias, as palavras, os corpos inundados e presos.... os sentimentos!Como se toda a sua vida estivesse ali... tatuada naquelas paredes!

Fugiu...
Correu. Caiu cansada no chão sem cansaço, sem folgo, sem alma.
Pensou que existem laços que não perduram, que existem sentimentos que não vencem.
Pensou como se sentia fria por dentro, naquela noite cheia de estrelas.
Pensou como se sentia errada nesse caminho escolhido por ela.
Tremeu de frio, de angústia, de uma leveza lenta que leva à insconciência do pensamento....

Retomou o pulso sem crença, rotomou o caminho sem esperança, retomou a fala sem palavras.

A alma perde o sentido das palavras, quando as oportunidades se perdem.
Ela não pediu para que ele ficasse, ela não pediu para que ele a amasse, ela não disse que o amava.
Ela não soube o que dizer quando ele se vestiu e saiu, não soube dizer-lhe para que ficasse mais um pouco que a noite ainda era longa, que o dia ainda era longe, que a vida ainda era breve.
Ela não soube revelar a alma pelas palavras... e ele partiu.

Retomou o caminho para casa....não se pode fugir da culpa que é tão sua.
Fica apenas o pulso sem crença, o caminho sem esperança e a alma muda das palavras caíadas, agora somente, de tristeza.

Regressou a casa, abriu a cama e adormeceu embalada pela música que se ouvia.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Hoje

Hoje não sei o que nos separa, o que nos separou.
Hoje vejo que nada está como devia, que nada foi o que imaginei, que não sou e que não somos o mesmo todo!
Hoje sei que o que sinto de nada vale, hoje sei que o que fiz em nada conta!
Hoje perco-me de ti, em ti e por ti.
E não sei mais nada."Quem gosta cuida".... eu cuidei mas nada recebi!
Eu amei mas não fui considerada.Eu fui, sem ser e já não sou sem te ter, e já não tenho (mais nada) sem te ter, mas isto é crescer... e é viver!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que for que isto seja

Vejo a alma lá fora, a alma para lá desta janela, a alma para além dessas muralhas que um dia chamei caminho!
Vejo lá fora a alma, a alma lá fora quieta, a alma tão dentro desta prisão que um dia chamei crença!
A alma suspira lá fora, a alma lá fora treme de frio, desse frio que faz lá fora, tão agreste esse frio que faz lá fora, esse frio que a alma trás consigo quando se deita neste corpo que um dia se deu para lembrança!
A alma, essa, perdia cá dentro, tão dentro a alma, essa, anda perdida, tão perdida anda a minha alma cá dentro, neste silêncio que se afunda tão cá dentro, tão dentro desta alma de silêncio.
A alma vejo-a presa cá dentro, vejo a alma cá dentro tão presa, tão presa que está a minha alma cá dentro, onde não faz frio, onde nada trás frio, onde nada trás o quente de outros tempos, onde nos tempos de outros tempos havia estações. E esse frio que faz lá fora, não trás o frio para dentro desta alma que chora, perdida cá dentro e em silêncio!
E gela-se a alma cá dentro, gela-se a alma cá dentro porque vem frio de fora, porque é sempre o frio que vem de fora que gela as almas cá dentro.
E é sempre o frio dos corpos que vêm de fora, esses corpos que noutros tempos (nos tempos onde havia estações), traziam calor, que traziam calor nesses corpos, que vinham de fora, e que eram já tão nossos, esses corpos quentes que nos traziam esses outros tempos e que guardamos secretamente na memória, são esses corpos frios que nos gelam agora.
Porque esses corpos que trazem o frio, porque esse frio que vem com esses corpos, deixaram de ser presença, esses corpos gelados, esse frio que vem de fora são agora ausências.
E a alma, essa, vejo-a para lá desta janela, vejo essa alma, agora, cá dentro tão quieta, sem caminho, sem crença, longe dessa (tua) muralha, onde sopra os ventos de fora, onde o ar gela, onde os corpos se escondem no silêncio das almas..... perdidas.... cá dentro, bem dentro destas minhas janelas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Bossa com tudo!

Ai vidinha vidinha cheia de altos e baixos.... ai vidinha vidinha cheia de lágrimas e gargalhadas....

Um dia somos grandes, outros dias achamo-nos pequenos!

Mas hoje, estou cheia de bons feelings... vou de férias, eheheheh não haveria de estar cheia de good feelings!

Já estou em modo: Do not Disturb que já estou away.....

E hoje passei o dia a ouvir Bossa de qualquer coisa, e estou completamente rendida a este som...

Estou em paz, sinto-me leve..... vou de férias.... estou apaixonada.... é lindo!


Oiçam:






Brutal!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

You're in ruins

"Do you know what's worth fighting for,
When It's not worth dying for?
Does it take your breath away
And you feel yourself suffocating?
Does the pain weigh out the pride?
And you look for a place to hide?
Did someone break your heart inside?

You're in ruins.

One, 21 guns
Lay down your arms
Give up the fight
One, 21 guns
Throw up your arms into the sky
You and I

When you're at the end of the road
And you lost all sense of control
And your thoughts have taken their toll
When your mind breaks the spirit of your soul
Your faith walks on broken glass
And the hangover doesn't pass
Nothing's ever built to last

You're in ruins

Did you try to live on your own?
When you burned down the house and home?
Did you stand too close to the fire?
Like a liar looking for forgiveness from a stone
When it's time to live and let die
And you can't get another try
Something inside this heart has died

I'm in ruins....."

Tudo isto

Sente a vida que passa....

Não se dá boleia a quem precisa de ir a pé....



Se a chama chega e ninguém chega a chama, de que vale arder.
Se o barco parte sem velas, de que serve a maré!
Não se mostra o tragécto a quem parte para se perder..... não se dá boleia a quem precisa de ir a pé!
E é quando pensas que estás a chegar e ainda não deste um passo!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

As pessoas de nós

Há quem considere que as vidas se cruzam por se cruzarem, eu acredito que cada um interfere no destino de alguém, que (des)compõe e delimita, abarca e restringe vivências.
Muitas perduram no tempo como retratos de parede, muitas desaparecem na primeira mudança da folha, quando chega o Outono, e muitas são as que vêm com as primeiras chuvas e ficam à espera que nós desabrochemos aos primeiros raios de sol de Inverno.

Há quem me tenha trazido a loucura e o prazer, a paixão e a ansiedade, a vertigem e o abismo, a certeza e a consciência, a rebeldia e a extravagância, a monogamia e a fidelidade.
Há quem me tenha trazido a paz e a verdade, a preserverança e a tranquilidade, o prazer de ser sem ter de ser ainda mais, de apenas ser e de não ter de dar para receber, e receber!
Há quem me tenha trazido a conquista, a luta e a frustração, a distância e a ausência (coisas tão diferentes), a guerra interior, a perda e a vitória, a revolta e a certeza de que há caminhos que não são nossos, mas que mesmo assim, apenas pelo prazer por prazer.... vale a pena trilhá-los.
Há quem me tenha trazido a sabedoria e a concentração, o afecto e a presença, a memória, a alma e o coração, e me tenha feito dar sem querer receber e acreditar que essa talvez seja a melhor parte.

Todos (estes) são os retratos que figuram na moldura de mim, são rostos que existem em mim porque eu quero que permaneçam, são histórias que tiveram os seus momentos de felicidade e de tristeza.... que tiveram os seus momentos.
São jóias secretas e guardadas onde habita a mais nobre manifestação de afecto e respeito: a memória.
São os que compõe a história, que traçam caminhos, que galgam montanhas, que baloiçam no vento, que pisam as folhas secas da mudança de estação e se aninham no vulgo termito dos livros, quando as palavras acabam e se lê: The End.
Sem finais felizes ou trágicos.... apenas com(sem) finais.

Não devemos, dramatizar as despedidas e as partidas, tudo tem o seu tempo, todos temos o nosso.
O que hoje terminou para mim, começará para outra pessoa, o que hoje me torna infeliz faz a felicidade de alguém, e é aí que reside a nobreza dos sentimentos.
Não podemos desejar que tudo o que amamos seja duradouro dentro de nós, porque o que é intocável aos olhos do nosso coração é totalmente livre aos olhos do destino, e o vento sopra em tanta direcção, que remar só por remar é estar a um passo do abismo e construir aí o nosso abrigo.
Deixemos o mundo tratar de nós... a vida saberá reservar para nós o que estamos dispostos e preparados a receber.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Memórias

Tudo o que a nós pertence a nós virá.... A paciência é tudo o que sobra quando a esperança se foi!

Cada vez que ouço isto, algo me diz: give up!




E como se faz?
Quem me diz como esquecer velhos fantasmas!
Quem me ensina que o caminho é para frente?

É uma dor miudinha, que se instalou e vai ficar!

Mas eu sempre soube, e afinal - o prometido era não esperar!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Frase de agora!


Porque tem vezes que tropeçamos nos sentimentos, porque tem vezes que os sentimentos nos atropelam....
Porque quase tudo é quase nada, hoje saboreio o pouco que tenho, no quanto me deixaste.
Eu permaneço debruçada sobre mim, sempre com a mesma questão: are we human or are we dancers? Let me know if my heart still beating.





Because is only you!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Não te quero, ai não te quero

"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego."


Pablo Neruda

Amar na impossibilidade

"Eu pertenço a um tipo de mulheres que só vivem a plenitude do amor na distância ou na impossibilidade.
Sou aquilo a que se chama uma mulher impossível, porque amo com todas as minhas forças os homens que por uma razão ou outra não posso ter.
Para mim, o amor é a própria luta pelo amor, não é uma construção ou uma edificação.
Por isso, não crio as bases para ter uma família e ser uma esposa exemplar.
Mas estou certa que o meu encanto é justamente esse."

In "Sei Lá" de Margarida Rebelo Pinto

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ela III


Voltou a sentir-se desconfortável nesta sua nudez de sentimentos.
Pulvorizada pelos odores que ainda habitavam na sua pele, demorou a aceitar a desocupação, mesmo que imaginária, desse corpo no seu.
Não que sentisse ainda o peso debruçado sobre as suas costas, não que o ouvisse ainda respirar por detrás da sua nuca, mas porque as lembranças são sempre muito mais difíceis de ir embora! E esta permanecia guardada nesse sotão do olhar, a alma.

E o pior é que em tempos se achou curada.

Em tempos foi um tempo tão antigo....

Sentiu-se despojada de si, completamente transponivel.

Saíu, como faz sempre que se sente esmagada contra o chão do seu quarto.
Não levou consigo a alma, não levou consigo os fragmentos dessa lembrança, dessa vivência.
Achou que a leveza da noite lhe traría alguma paz. Que os passos mudos do mundo lhe devolvessem o caminho, agora empedrado!

Devolveu-se à noite.

Respirou fundo e voltou a casa, onde a alma a esperava sem sobressalto, sem vontade de se despir novamente a esse odor de outros tempos, sem se tornar vagabunda da sua própria submissão!

Ergueu os ombros, mesmo de coração perdido, porque a alma guarda sempre em lugares inacessíveis as lembranças dificeis.

Desfez a cama e dormiu.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Depois e crescer!


A parte dificil de crescer, é ter de se encarar a vida tal qual ela é.
É ter de tomar decisões e aguentar as suas consequências. É não podermos mais deixar ser os outros a decidirem por nós, e responderem por nós!

Tomar decisões, na maioria das vezes coloca-nos desconfortáveis, trás-nos momentos de anciedade....
Muitas das vezes adiamos problemas, resolução de conflitos porque não somos capazes de tomar uma decisão que nos leva por um caminho ou por outro, com medo do que cada um deles nos trará mais adiante.

Muitas vezes deixamos que as coisas (embora mal) continuem como estão, principalmente no campo afectivo, porque não queremos agitar as aguás paradas do nosso quotidiano.... achamos que se não falarmos haverá de passar, que se não dissermos nada haverá de se resolver, que se não nos manifestarmos ninguém dará pelo nosso desagrado, e nós acabaremos por nos habituar a este novo desconforto...

Será sempre uma questão de mentalização.

Mas continuar a marinar nesta instabilidade, nesta insuficiência de nós mesmo, nesta baía que não vai a lado nenhum.... fará com que nunca cheguemos ao mar, fará com que nunca saibamos o que está para além deste submisso conforto, desta confortável revolta que é só nossa.

Não dizer nada, pode levar, sem darmos por conta ao afastamento de quem nos está próximo, porque sem percebermos vamos criando barreiras intransponíveis, porque nos vamos aconchegando na nossa concha sem permitir mais ninguém.

Se tivermos de dizer: "estou zangado".... porque não? Se o estamos, porque não dizer?
Consumir as palavras dentro de nós, tornar-nos-á ecos dos nossos próprios demónios, e a partir daí restar-nos-á monólogos de consciência.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Coração pequenino, alma imensa

Hoje tenho o coração pequenino.... demasiado pequenino, demasiado perdido, ferido, maltratado!
Hoje tenho o coração magoado, mas a alma é imune, e consegue a proeza de guardar no seu recanto mais esquecido, nos escombros da lembrança a tristeza....
Assim tenho o coração pequenino, mas a alma não se lembra, nem tem registo do porquê!????
A alma protege o corpo das dúvidas do coração, por isso conseguimos erguer os ombros e olhar em frente, mesmo quando o coração nos abandona e se perde não sabe bem onde!

Assim sou eu hoje!

Desabafo

Há pessoas que ocupam um lugar demasiado importante na nossa vida, ao ponto de sermos incapazes de conceder a nossa vida sem elas.
Apesar de sabermos que cada um de nós nasce e morre sozinho, que cada um de nós constroí a sua vida independentemente uns dos outros, a verdade é que dependemos da sua força, da sua presença (mesmo que distante), da sua vida e do seu apoio para prosseguir!

Eu tenho uma paixão assim, o meu verdadeiro pilar, a minha estabilidade, a minha paz interior... a minha consciência quando tudo desaba, a minha segurança quando as pernas vacilam. A presença serene que nunca falha.







Para ti meu snow.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Finalmente

Finalmente é tempo de dizer adeus!
Sem mágoas, sem rancores, sem sentimentos de abandono! Sem lágrimas inúteis nesta espécie de união exclusiva de corpos.
Finalmente é tempo de encarar a verdade há tanto presente e que apenas uma das partes recusava ver.
Já era tempo de largar a bengala, que muitas vezes fazemos das pessoas que amámos e que não conseguimos deixar para trás .
É um processo difícil a habituação de não ter esta bengala, é um luto penoso, mas que tem de ser feito.
Deixemos de sofrimentos retardados ao adiar o que é berrante.
Deixemos-nos de sulcos cravados na face pela pressão das lágrimas.


Finalmente é tempo.... na primeira frase referi: "de dizer adeus".

Agora não sei!!!

Finalmente será tempo de negar tudo o que amámos? Finalmente será tempo de esquecer, de desfazer laços, de invadir o nosso diálogo com meros: "tudo passa", "o tempo leva" ou a "vida continua"?
Será honesto e justo?
Será melhor ignorar a falta que ignorar a realidade? Ou vice versa?
Será melhor dizer que a nossa vida é agora um rio fluente (para que não nos consolem) se no final é um tanque de agua estagnada?

E finalmente, quem nós diz como vai ser o dia seguinte, sem o adorno rotineiro dos nossos dias?

Finalmente não é um tempo que se encare de bom tom, quando o tom fala de grandes amores....
Finalmente é uma perda demasiado fulminante para quem se habituou a viver da espera e da esperança, em que a primeira não gosta de correr e a segunda não gosta de ser abalada!






Não peçam para dizer que sim!
Neste momento a alma é um lugar vazio.
Neste momento não há luto, não há perda, não há esse finalmente... estou em guerra comigo mesma.

terça-feira, 7 de julho de 2009

E às vezes...

Às vezes é uma espécie de vazio isto que vai cá dentro.... e às vezes no final do dia ri-o como uma descrente... e às vezes no final do dia choro como que afortunada.... e a minha vida assim anda trocada.... ora ri-o se estou triste.... ora choro se me alegram... ora sonho ora desmaio desses encantos abandonados de menina....
E às vezes no silêncio da noite, o meu coração ouvesse ao longe, como um eco a cair de uma falésia.... e respiro e suspiro....
E às vezes é este frio de ti que me aconchega, é esta lembrança de ti que me sustenta, é este querer-te bem que me trás de novo a pulsação e recomeço rindo perdidamente desta mágoa desperta!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Paixão

"A paixão faz a pessoa deixar de comer, dormir, trabalhar, estar em paz. Muita gente fica assustada porque, quando aparece, derruba todas as coisas velhas que encontra.
Ninguém quer desorganizar o seu mundo. Por isso, muita gente consegue controlar essa ameaça, e é capaz de manter de pé uma casa ou uma estrutura que já está podre. São os engenheiros das coisas superadas.
Outras pessoas pensam exactamente o contrário: entregam-se sem pensar , esperando encontrar na paixão as soluções para todos os seus problemas. Depositam na outra pessoa toda a responsabilidade toda a responsabilidade pela sua felicidade, e toda a culpa pela sua possível infelicidade.
Estão sempre eufóricas porque algo de maravilhoso aconteceu, ou deprimidas por algo que não esperavam acabou por destruir tudo.
Afastar-se da paixão, ou entregar-se cegamente a ela – qual destas duas atitudes é a menos destrutiva?
Não sei."




In "Onze Minutos" de Paulo Coelho



quarta-feira, 1 de julho de 2009

No fundo da gaveta

Tenho medo de esquecer, tenho medo de lembrar.

Tenho medo de guardar um pouco de ti numa folha secreta, tenho medo de guardar um pouco da minha alma num fundo de uma gaveta, tenho medo de injectar um pouco da minha mágoa na veia da tristeza.

Tenho medo de perder, tenho medo de ganhar.

Cansada do movimento que percorre a linha recta desta lágrima escondida.

Fui subindo em espiral fingindo-me estafeta dessa lágrima perpétua que sai da ponta da caneta, que vai até ao fim da via lactea e caí no fundo da gaveta.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Matéria de que somos feitos


Eu não sou um corpo com uma alma, sou uma alma que tem uma parte visível, chamada corpo.
Durante todos estes dias, ao contrário do que podia imaginar, esta alma esteve muito mais presente. Não me dizia nada, não me criticava, não sentia pena de mim: apenas me observava.
Hoje, dei-me conta da razão por que isso acontece: há muito tempo que não penso em algo chamado amor. Parece que ele foge de mim, como se não fosse importante, e não se sentisse bem vindo. Mas, se não pensar em amor, não serei nada.
Todas as mulheres (mesmo que inconscientemente) sonham com alguém que as descubra como verdadeiras mulheres, companheiras, sensuais, amigas. Mas todas sabemos, que na maior parte das vezes não é isso que acontece, que na maior parte das vezes fazemos parte de uma estatistica ( e embora erradamente, convencemo-nos que os tratamos pela mesma medida – mas não).
A mulher não consegue entrar e sair, sair e voltar a entrar sem querer permanecer por mais uma fracção de segundo.
As mulheres têm certas necessidades que os homens não tem e não entendem, achando que nós somos seres que depois daquele tempo minuciosamente calculado nos tornamos inconvenientes e indesejáveis.
As mulheres precisam de “escrever”, pensar, pensar e “escrever” sobre o amor, se não as suas almas não aguentam.
Precisam de renovar a sua alma com esse sentimento para que se sintam livres e vivas.
Os homens também.... eu acho! Mas evitam...
Todos nós somos feitos da mesma matéria. Essa matéria que se renova e se transforma se for fecundada.... se for dividida para ser multiplicada....
Todos nós precisamos de ser consquistados e de conquistar, mas para além disso precisamos de um sítio onde ficar e permanecer e crescer. Um sítio chamado pele, corpo, alma e coração.... um sítio feito dessa matéria: O amor.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Need to be next to You

É tudo isto.... o que é que eu posso dizer mais?
O que preciso de fazer mais?
Negar? Mentir? Esquecer?
Fingir que esqueço?
E quando adormeço?
E quando acordo?
Como faço para não lembrar????
O que faço ao despertar?
Se é a tua imagem que me invade?
O que faço para esquecer, se eu preciso de lembrar para viver?

I need to be next to you....


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Deixa....

Dá-me vida, dá-me paz, dá-me descanso!

Deixa que te devolva o conforto, que te abrigue, que te ame....

Deixa que te sinta, deixa-me que me sintas!

Deixa que te oiça, não te escondas....

Se não deixares que o meu corpo estremeça no conforto do teu, que o meu coração adoce suspenso no teu.... então deixa.... então vai me deixando aos poucos.... para que o arrepío da partida não quebre a minha alma ainda quente de ti!

Palavras para quê?

Nem precisamos de dizer muito mais....



Às vezes lutamos contra nós próprios, achando que podemos viver sem alguém ao nosso lado, e inconscientemente vamos moldando o nosso coração à solidão, apesar de até podermos viver numa vida louca... cheia dos prazeres do corpo!

Admitindo que essa é a vida que escolhemos.

Mas no fundo eu acredito, que todos nós precisamos de alicerces, e não fomos feitos para estar sozinhos.

Precisamos de alguém que no final do dia nos console ou precise de ser consolado, que nos conforte ou precise de ser confortado....

Alguém que nos faça sentir vivos, alguém que seja a razão de queremos vencer, de querermos ser sempre um pouco mais!

E depois, quando encontramos, nem sempre temos a coragem necesária para se mostrar.
Com medo se sofrer, com medo da resposta, com medo de nós.... com medo de não saber lidar com o que sentimos, com medo de achar que passaremos a um estado de prisão!

Muita gente acha que deixará de ser para passar a fazer parte....

Mas a liberdade que se encontra dentro dessa prisão é tudo o que procuramos, e que negamos....

Eu continuo com a minha certeza, que todos nós fomos feitos para ser amados, e que todos nós encontraremos o nosso porto de abrigo.

E quando isso acontecer, que nenhum de nós espere pelo dia seguinte para dizer: "Gosto de ti", e muito menos perca a coragem para dizer: "Fica comigo".

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Hoje

Hoje deixem-me estar, quieta, debruçada sobre esta saudade que me sufoca.
Hoje os olhos pesam.
Hoje deixem-me estar, aqui imóvel, debruçada sobre esta falta.
Hoje as maõs pesam.
Hoje deixem-me estar, aqui fixa, no voo que a gaivota faz, trazendo um céu distante.
Hoje não tenho asas.
Hoje deixem-me voar, até onde os meus olhos pesados deixarem.
Hoje não estou para ninguém.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

If today was your last day

Pensem nisto.....

Quem seria a primeira pessoa que quereriam ver...
Quais seriam as primeiras palavras e os primeiros pensamentos....
A quem diriam recorda-me!!!

Gosto da música.... faz sentido!

If today was your last day.... tomorrow was too late, could you say goodbye to yesterday? Would you live each moment like your last? Leave old pictures in the past?

terça-feira, 16 de junho de 2009

E talvez

E talvez tu ames e não queiras,
E talvez tu queiras e não ames.
E talvez o medo te condene,
E talvez te condenes por teres medo....
E o talvez também pode ter uma vez
Em que te esqueças que tens medo
E te lembres de amar!


http://www.youtube.com/watch?v=zxtvHxQllzM

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Um pouco de céu


Só hoje senti que o rumo a seguir leva para longe,

Senti que este chão já não tinha espaço para tudo o que foge,

Não sei o motivo para ir, mas sei que não posso ficar,

Não sei o que vem a seguir mas quero procurar!

E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre,

Aqueles que são para outro amanha que hade ser diferente.

Não quero levar o que dei,

Talvez nem sequer o que é meu,

É que hoje parece bastar um pouco de céu.... um pouco de céu!

Só hoje esperei, já sem desespero que a noite caisse.

Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse.

E há qualquer coisa a nascer

Bem dentro, no fundo de mim....

E há uma força a vencer mais que qualquer outro fim!


domingo, 7 de junho de 2009

Saudade


Hoje há uma falta, hoje é esta falta que me abraça, como que se nada me preenchesse... como se nada coubesses neste meio enorme espaço em branco!
Hoje existe uma falta, uma irremediável falta, uma falta absoluta, concreta, uma falta sem troca de papéis, sem volte face, sem pensamentos irregulares e pouco crentes...
Hoje esta falta é tão real e tão palpável que tenho a pele dorida, irritada, sufocada por quase tudo por quase nada!

Mas não sei dizer de que sinto falta, o que é que falta???? Falto eu!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Beleza, Bem, Verdade

Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante,
A uma só coisa e exclui a diferença.
"Beleza, Bem, Verdade", eis o que exprimo;
"Beleza, Bem, Verdade", todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
"Beleza, Bem, Verdade" sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.

William Shakespeare

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Uma droga - O sexo, o amor e a liberdade!



"De tanto conviver com as pessoas, chego à conclusão de que o sexo tem sido utilizado como uma qualquer outra droga, para fugir à realidade, para esquecer os problemas, para relaxar. E como todas as drogas é uma prática nociva e destruidora.
Se uma pessoa se quer drogar, seja com o sexo, seja com o que for, isso é um problema seu, as consequências dos seus actos serão melhores ou piores de acordo com aquilo que ela escolher para si mesma, mas se queremos avançar na vida, temos de entender que o que é “bom” nem sempre é o “melhor”.
Ao contrário do que se pensa, o sexo não pode ser praticado a qualquer hora. Há um relógio escondido em cada um, e para fazer amor o ponteiro das duas pessoas têm de marcar a mesma hora ao mesmo tempo.
Quem ama não depende do acto para se sentir bem."

Onze minutos


"Se eu tivesse de contar a minha vida a algúem, poderia fazê-lo de tal maneira, que me achariam uma mulher independente, corajosa e feliz. Mas nada disso, estou proibida de mencionar a única palavra que é muito mais importante que os onze minutos – o amor.
Durante muito tempo entendi que o amor era uma espécie de escravidão consentida. Mas é mentira: a liberdade só existe quando ele está presente. Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama plenamente.... e quem ama plenamente sente-se livre.
Por causa disso, apesar de tudo aquilo que possa viver, fazer, descobrir, nada faz realmente sentido. Espero que este tempo passe depressa, para que eu possa voltar à busca de mim mesma – sob a forma de um homem que me entenda, que não me faça sofrer.
Mas que disparate é este? No amor ningúem magoa ningúem, cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.
Já me senti ferida quando perdi os homens por quem me apaixonei.. Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém.
Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante da vida sem a possuir."

Em Onze minutos de Paulo Coelho

terça-feira, 2 de junho de 2009

Restolho

Ontem disseram-me:

"Mas é preciso nascer e morrer de novo,
Semear no pó e voltar a colher...
Há que ser trigo e depois ser restolho.
Há que penar para aprender a viver.
E a vida não é desistir sem mais nada,
A vida não é dia sim dia não!
É feita em cada entrega alucinada,
Para receber aquilo que aumenta o coração!"

- Tu aumentas o meu - dizia!

Há que penar para aprender a viver.... e há que não desistir assim sem mais nada... há que lutar para crescer!
E há que ocupar o nosso coração e a nossa vida com quem nos alimenta o coração... dar espaço a quem nos quer para que possam crescer dentro de nós!
Se vivermos ancorados apenas a quem queremos.... seremos barcos sem remos em maré calma!

Dar a volta por cima, e limitarmo-nos a aceitar que a vida nem sempre é do jeito que sonhamos!





De quem te ama mano! De quem te ama muito!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Mundo ao Contrário


"Onde Vais?"
Perguntas tu,
Ainda meio a dormir.
"Não sei bem"
Respondo eu,
Sem saber o que vestir.

"Porque sais?,
Ainda é cedo,
E tu não sabes mentir."
"Nem eu sei,
Só sei que fica tarde
E eu tenho de ir."

Bem depois,
De estar na rua,
Instalou-se uma dor
Por nós dois,
Talvez sair
Tivesse sido o melhor...

Se assim foi,
Então porque me sinto a morrer de amor?

Tenho a noite
A atravessar
Doi-me não ir,
Mas não me deixas voltar...

Se gosto de ti,
Se gostas de mim,
Se isto não chega
Tens o Mundo ao contrário."