sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

De saudade vou morrendo


De Saudades vou morrendo

E na morte vou pensando:

Meu amor, por que partiste,

Sem me dizer até quando?

Na minha boca tão linda,

Ó alegrias cantai! Mas, quem se lembra de um louco?

- Enchei-vos de água, meus olhos,

Enchei-vos de água, chorai!


Por António Botto in Canções

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sentimentos diferentes por ti


Sinto-me só, de uma solidão gritante, de um sufoco aniquilante..... de uma loucura perdidamente só.
Sinto-me tão só desde há tanto tempo, só nos momentos em que me fiz alento, só nos dias em que fui conforto.
Só nas angustiantes horas mortas, nas sombras das horas mortas, dos segundos rastejantes do pensamento.
Só porque tu te foste e nem chegaste, só porque me deixaste e nem partiste, só porque a ilusão morou só no meu convento.
Só porque foste sendo o tudo e o nada, porque o nada não morou em mim e porque o tudo nunca foi para mim o teu cartão de boas vindas.

Tenho-te uma mágoa extrema desta solidão que semeaste, da mágoa agreste que cravaste, nas palavras doces proferidas diariamente.
Ódio de ti por te ter amado tanto... e agora que o escrevi, ainda mais lamento a perda, imensa, do tempo que semeei nessa altura em que me julgava tua e era apenas um pedaço.

Ódio de mim por te ter demonstrado tanto, e tu no teu alto ego latejante, pisando as palavras que te dizia, inconsciente (por certo) da mágoa que me trazias.

Agora és o meu deserto mais violento, aquele que penei anos demais em busca do oásis que não era meu.
E nesse deserto de enganos, tu jamais serás vento de norte, porque eu deixei de ser o grão de areia que te fazia uma certa comichão!

Abençoado dia de vendaval, em que soltei as minhas mãos, voei para longe, cai no mar, no coração de uma ostra e virei um ser bem melhor!


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Será?

Às vezes sinto-me perdida, com os sentimentos esmagados contra ti!
Gostava de saber falar-te ao coração, mas perdi esse dom contigo. Não sei argumentar-te, deixei de acreditar, deixei de saber sentir e exprimir.
Não sei usar as palavras contigo!

Acho que no fundo nunca soubemos usar as palavras connosco, apenas os corpos!
Apenas aqueles dois corpos presos ao infinito prazer momentâneo! Tão ferozmente momentâneo! Tão cruelmente finito!

Dou por mim a pensar no que fui depois de ti, depois da tua passagem sinuosa em mim!
Dou por mim a pensar em mim em ti, dou por mim a pensar em nós por nós.... e assusta-me a força que a tua não presença tem em mim!

Às vezes tenho vontade de ser agressiva contigo, dizer tudo aquilo que nunca te disse, por ser demasiado violento para ser dito sem correr o risco de te perder.... de vez.... para sempre.... mas não terei eu já te perdido quando arrisquei ganhar-te....

Será que não é isso que quero?
Será que não foi isso que fiz, que ando fazendo?
Será que alguma vez te conquistei, te preservei, te ofereci o melhor de mim?
Será que alguma vez me entreguei.... será que te cobrei tudo o que cobrei sem nunca dar!?
Será que foi realmente honesta contigo, comigo, connosco!?

Será que realmente te amei, até a exaustão....

Será????

Neste momento a única coisa que sei, é que não te tenho, é que não me tens, é que não nos temos!
A única duvida que persiste é a de que: será que alguma vez te tive, será que alguma vez me quiseste e me tiveste, será que alguma vez nos partilhamos?