sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Carta


Preciso de falar contigo, há muito que não falamos, talvez porque ainda não te tenha perdoado.

Ainda não consegui atravessar esta ponte que me deixa deste lado.

Acho que ainda não consegui resolver este mágoa, mais uma que nunca chego a resolver por não ter coragem de encarar a realidade!

Vou fechando os olhos, e não quero fazer lutos.... os lutos são como barcos, se levantamos a âncora aos poucos e poucos vão desaparecendo mesmo em frente dos nossos olhos!

E eu ainda não arranjei coragem de fazer os meus tantos lutos!

Próximo fim de semana vou ter contigo! Vou ter contigo porque sei que tu não podes vir até mim....

Sabes, tenho tantas saudades tuas, parece que foi ontem que estavas aqui, ao meu lado, a falar comigo sobre coisas do coração!

Porquê??? Porque me deixaste! Sabias perfeitamente que significavas tanto, que eras tanto!

Saudades de ti, e de mim na beira da cama.... tu de mão entrelaçada na minha, eu olhando para ti pedindo-te que me aconchegasses no teu colo.... que rezasses por mim! Quem o fará agora.... eu perdi a fé!
Ai que droga de saudades estas... cravadas em mim, tatuadas no peito.

Não encontro o meu espaço..... e agora nem sequer encontro quem me dê um pouco do seu!

Às vezes ainda acho que me tocas no ombro, me afagas os cabelos como se fosse uma menina.... às vezes parece que ainda te ouço chamando por mim!

Próximo fim de semana tenho de ir ter contigo.... falar um pouco contigo, dizer-te o que vai em mim!
E mesmo que não te ouça dizer nada, saberei que me escutas, saberei que me abraças, saberei que me irás fazer sentir que não partiste....

Preciso tanto de ti.... hoje mais que nunca! Tudo perdeu a direcção desde então! Sabes disso não sabes!
Acho que só para ti não deixei de ser quem era....

Eu sei que encontrarei sempre o caminho até ti! Eu sei que serás sempre a minha oração!

Fazes-me falta, uma irremediável falta!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Chuva

Há musicas que nos invadem o corpo por traduzirem a alma, que nos fazem pensar que é feita para nós! Esta musica tem tanto de mim que até assusta.... tanto de mim que nem sei o que dizer!

E é esta saudade que guardo dentro de mim.

Saudades do corpo, do toque, do rosto.... saudades.... saudades de ti!

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade"

E espero que um dia esta chuva me lave a alma, me escondo o choro, me traga a paz

Afinal

Às vezes temos sentimentos que ardem. Queimam de tal maneira que pensamos como poderemos ainda estar a respirar!
E é aí que, de repente sentimos, que afinal não estamos a respirar! Já nem sequer conseguimos respirar!
Às vezes tenho a sensação que deambulo, percorre as ruas vazias da memória. Sento-me nos bancos ausentes da esperança.
Por cima de mim apenas este mar imenso de céu sem estrelas.... por cima da mim paira aquela cinza que me saí dos poros.... por cima de mim.... por cima de mim afinal não há nada!
Mas afinal, por entre nós o que há... por entre nós o que houve.... bolas quem ocupou este pedaço de lugar onde estava o meu corpo.... oh, é só um espaço vazio.... afinal ninguém lá está!
Afinal.... afinal é sempre aquele afinal de uma vida meio completa, de uma voz semi despedida, de uma presença semi ausente, de um vulto semi presente e afinal não sobra nada!
Quem dera ter em mim um pouco de Narciso.... e afogar-me no meu próprio eu!
Afinal não foi nos teus olhos que vi a alma, afinal não foi no teu peito que encontrei repouso, mas não foi no teu braço que dormi em paz?
Afinal não foi na tua casa que encontrei refugio, não foi na tua cama que encontrei conforto e nem foi no teu coração que encontrei lugar!

Afinal, afinal foram apenas dois olhares que se cruzaram a procurar um um sol e o outro um luar, em todos os lugares onde a luz se pode cruzar.

Mas afinal já "é muito tempo a desejar o tempo, de mudar ventos, de levantar marés, é muita vida a desejar o alento, que possa fazer saber ao certo quem és ....
E tu que sabes tanto de mim, tu que sentes quem eu sou, dá-me o teu corpo como ponte que me salva do que o medo fechou."

Deixem

"Deixem-me ficar na cama a ouvir a chuva a cair, que ainda estou acordada só tenho a alma a dormir!"

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Afinal o combinado é não esperar

Ontem ouvi uma música fabulosa.... quase que de repente ninguem se apercebe da letra, mas eu tenho de partilhar.... não consigo deixar de partilhar:

"(...)
Desculpem lá qualquer coisinha
mas não está cá quem canta o fado.
Se era pra ouvir a Deolinda,
entraram no sítio errado.
Nós estamos numa casa ali ao lado.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.
Bem sei que há trolhas escritores,
de trato estucadores e serventes poetas;
e poetas que são verdadeiros pedreiros das letras.
E canta em arte genuína o pescador humilde,
a varina modesta;
e tanta vedeta devia dedicar-se à pesca.
(...)

Por não fazer o que mais gosto
eu canto com desgosto, farto de aqui estar;
e algures sei que alguém mal disposto
ocupa o meu lugar.
Ninguém está bem com o que tem...
é sempre o que vem que nos vai valer;
porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.
(...)

E é a mudar que vos proponho!
Não é um posso medonho em negras utopias;
é tão simples como mudarem de posto na telefonia.
Proponho que troquem convosco e acertem com a vida!"


Realmente andamos sempre uma casa ao lado, cada vez que bato à porta de alguém, há alguém do outro lado que me diz: "Conta até 3" e é aí!!!!!!!
E ultimamente quando batem na minha porta eu respondo "Não está ninguem em casa" :)

Talvez porque nunca ninguem está bem com o que tem, espera sempre aquele alguém, que nunca é quem deveria ser....
O combinado é não esperar.... mesmo que o amor tarde o combinado é não esperar.... e eu ando sempre uma casa ao lado!

Talvez um dia consiga, mesmo de casa revirada, trocar comigo e acertar com a vida!

Afinal o combinado é não esperar....

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Há tempo de mais

Um dia haverei de saber lidar com o que trago comigo!

A maior parte dos dias não sei muito bem quem trago em mim.... parece que existe sempre qualquer coisa incompleta.... qualquer coisa em falta há muito tempo, arriscaria mesmo em dizer há tempo de mais para não conseguir lembrar-me o desde quando!

Mas nem sei dizer o que falta ou o que sobra!

Tenho basicamente tudo, há muito que tenho basicamente tudo..... mas este basicamente não consegue sair da frase... deveria não deveria?

Às vezes tenho a sensação de falta de ar, prendesse a respiração entre o que sinto e o que não consigo dizer!

Nunca consegui dizer a quem devia o que devia, quase que diria que me faltou a vontade de dizer o que sentia, porque nunca houve ninguém que me olhasse bem fundo e me sentisse bem dentro.

Houve sempre e apenas um tocar o corpo sem chegar à alma, houve sempre um acusar sem nunca ter havido uma recompensa.

Sempre foi uma cobrança do que sou, do que devia ter sido. Esta pessoa que é uma filha, uma irmã, uma amiga, uma amante, nunca foi o suposto, nunca chegou lá, não lhe faltou nada, mas morreu na praia.

Às vezes sinto um vazio, um vazio de quem vê que nunca esteve acompanhada.

E talvez tenha faltado somente a companhia.... apenas alguem ao meu lado!

O que sobrou? Gente a mais que me olha sem me ver, que me toca sem me ter, que me tem sem me amar.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A place for you in my heart

"Nem sei bem o que isto é! Nem sei bem de onde vem.... isto de querer tanto chega a doer! Tento esquecer, mas o esquecer é um querer lembrar.... é um não conseguir esquecer.... é um querer recordar! É como se fosse "tu a ficar por não saberes partir.... e eu a rezar para que desaparecesses.... eu a rezar para que ficasses.... e tu a ficares enquanto saías!" Já não sei se é quase pecado o que se deixa.... quase pecado o que se ignora! Ou se é quase pecado este desencontro! Busquei nas palavras o conforto, mas as palavras já não alimentam e não são tão pouco promessas.... cansei-me do teu silencio morto... do teu constante volto já... e dessa sempre tua certeza de não poderes ficar por mais um pouco! Gostei de ti enquanto o teu corpo pedia e as minhas mãos ardiam.... mas passamos a não nos tocar enquanto saias, a não nos tocarmos enquanto saiamos.... passamos a não nos tocar e vamos fugindo! Só gostava de saber se alguma vez, pensaste em mim.... porque se assim não for..... eu não entendo porque razão não consigo desistir!
I always hold a place for you in my heart.... "

De quê?

"Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar
de quê?
de viver o perigo
de quê?
de rasgar o peito
com o quê?
de morrer
mas de que, paixão?
de quê?
se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e nao ter nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração..."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Meros quereres

O que foi não volta a ser, por muito que se queira!

E nem sempre o querer é poder, e certos queres são apenas mero luxo e vaidosa brincadeira!





Conforto

Todos nós alojamo-nos naquele estado que nos dá um certo tipo de conforto.
Procuramos isso no trabalho, dispondo a nossa mesa como melhor achamos.... espalhando objectos que nos trazem lembranças, que nos lembram algo ou alguem, que nos trazem conforto.
Procuramos em casa.... decoramos cada espaço em conformidade com a harmonia que pretendemos! As cores são procuradas, os objectos são escolhidos, as formas são pensadas, a luz é projectada, em função do conforto!
Até no carro, procuramos ter as músicas, a estação de rádio, o terço, o boneco no vidro que nos traga conforto.....

Mas quem de nós, quantos de nós, quais de nós procuram o conforto do coração?

Quantas vezes já pensamos: Isto seria o melhor para mim, mas não é isto que quero!

Eu cheguei à conclusão que não sei estar confortável nos sentimentos, que não sei arrumar a minha alma como arrumo a minha casa!

Porque na minha casa, posso colocar ou retirar sempre que acho que já não fica bem, aquele quadro, aquele tapete.... aquela fotografia sempre a olhar para mim!

Mas a minha alma não se deixa arrumar, não deixa alterar memórias, não permite deitar no lixo os rostos que vivem emoldurados na lembrança.... esses rostos, essas histórias, essas vivências.... esses bocados de vida...

O conforto? Esse estado (que dizem) de espírito que é tão material!