segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ela


Ela voltou-se para si revoltada, como se o mal do seu mal fosse seu.
Nada do que tinha feito até então tinha sido o correcto. O seu corpo passára a ser agora apenas um, e nada do que tinham sido voltaria a ser.
Pensou como era ela capaz de aguentar em silêncio tanto sofrimento, pensava como podería um coração, o seu coração, aguentar tanto.

Fugiu....
Não queria pensar.
Correu para fora dalí como se fossem aquelas paredes os retratos da sua memória, como se aquelas paredes contassem em segundos a sua história, as noites, os dias, as palavras, os corpos inundados e presos.... os sentimentos!Como se toda a sua vida estivesse ali... tatuada naquelas paredes!

Fugiu...
Correu. Caiu cansada no chão sem cansaço, sem folgo, sem alma.
Pensou que existem laços que não perduram, que existem sentimentos que não vencem.
Pensou como se sentia fria por dentro, naquela noite cheia de estrelas.
Pensou como se sentia errada nesse caminho escolhido por ela.
Tremeu de frio, de angústia, de uma leveza lenta que leva à insconciência do pensamento....

Retomou o pulso sem crença, rotomou o caminho sem esperança, retomou a fala sem palavras.

A alma perde o sentido das palavras, quando as oportunidades se perdem.
Ela não pediu para que ele ficasse, ela não pediu para que ele a amasse, ela não disse que o amava.
Ela não soube o que dizer quando ele se vestiu e saiu, não soube dizer-lhe para que ficasse mais um pouco que a noite ainda era longa, que o dia ainda era longe, que a vida ainda era breve.
Ela não soube revelar a alma pelas palavras... e ele partiu.

Retomou o caminho para casa....não se pode fugir da culpa que é tão sua.
Fica apenas o pulso sem crença, o caminho sem esperança e a alma muda das palavras caíadas, agora somente, de tristeza.

Regressou a casa, abriu a cama e adormeceu embalada pela música que se ouvia.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Hoje

Hoje não sei o que nos separa, o que nos separou.
Hoje vejo que nada está como devia, que nada foi o que imaginei, que não sou e que não somos o mesmo todo!
Hoje sei que o que sinto de nada vale, hoje sei que o que fiz em nada conta!
Hoje perco-me de ti, em ti e por ti.
E não sei mais nada."Quem gosta cuida".... eu cuidei mas nada recebi!
Eu amei mas não fui considerada.Eu fui, sem ser e já não sou sem te ter, e já não tenho (mais nada) sem te ter, mas isto é crescer... e é viver!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que for que isto seja

Vejo a alma lá fora, a alma para lá desta janela, a alma para além dessas muralhas que um dia chamei caminho!
Vejo lá fora a alma, a alma lá fora quieta, a alma tão dentro desta prisão que um dia chamei crença!
A alma suspira lá fora, a alma lá fora treme de frio, desse frio que faz lá fora, tão agreste esse frio que faz lá fora, esse frio que a alma trás consigo quando se deita neste corpo que um dia se deu para lembrança!
A alma, essa, perdia cá dentro, tão dentro a alma, essa, anda perdida, tão perdida anda a minha alma cá dentro, neste silêncio que se afunda tão cá dentro, tão dentro desta alma de silêncio.
A alma vejo-a presa cá dentro, vejo a alma cá dentro tão presa, tão presa que está a minha alma cá dentro, onde não faz frio, onde nada trás frio, onde nada trás o quente de outros tempos, onde nos tempos de outros tempos havia estações. E esse frio que faz lá fora, não trás o frio para dentro desta alma que chora, perdida cá dentro e em silêncio!
E gela-se a alma cá dentro, gela-se a alma cá dentro porque vem frio de fora, porque é sempre o frio que vem de fora que gela as almas cá dentro.
E é sempre o frio dos corpos que vêm de fora, esses corpos que noutros tempos (nos tempos onde havia estações), traziam calor, que traziam calor nesses corpos, que vinham de fora, e que eram já tão nossos, esses corpos quentes que nos traziam esses outros tempos e que guardamos secretamente na memória, são esses corpos frios que nos gelam agora.
Porque esses corpos que trazem o frio, porque esse frio que vem com esses corpos, deixaram de ser presença, esses corpos gelados, esse frio que vem de fora são agora ausências.
E a alma, essa, vejo-a para lá desta janela, vejo essa alma, agora, cá dentro tão quieta, sem caminho, sem crença, longe dessa (tua) muralha, onde sopra os ventos de fora, onde o ar gela, onde os corpos se escondem no silêncio das almas..... perdidas.... cá dentro, bem dentro destas minhas janelas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Bossa com tudo!

Ai vidinha vidinha cheia de altos e baixos.... ai vidinha vidinha cheia de lágrimas e gargalhadas....

Um dia somos grandes, outros dias achamo-nos pequenos!

Mas hoje, estou cheia de bons feelings... vou de férias, eheheheh não haveria de estar cheia de good feelings!

Já estou em modo: Do not Disturb que já estou away.....

E hoje passei o dia a ouvir Bossa de qualquer coisa, e estou completamente rendida a este som...

Estou em paz, sinto-me leve..... vou de férias.... estou apaixonada.... é lindo!


Oiçam:






Brutal!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

You're in ruins

"Do you know what's worth fighting for,
When It's not worth dying for?
Does it take your breath away
And you feel yourself suffocating?
Does the pain weigh out the pride?
And you look for a place to hide?
Did someone break your heart inside?

You're in ruins.

One, 21 guns
Lay down your arms
Give up the fight
One, 21 guns
Throw up your arms into the sky
You and I

When you're at the end of the road
And you lost all sense of control
And your thoughts have taken their toll
When your mind breaks the spirit of your soul
Your faith walks on broken glass
And the hangover doesn't pass
Nothing's ever built to last

You're in ruins

Did you try to live on your own?
When you burned down the house and home?
Did you stand too close to the fire?
Like a liar looking for forgiveness from a stone
When it's time to live and let die
And you can't get another try
Something inside this heart has died

I'm in ruins....."

Tudo isto

Sente a vida que passa....

Não se dá boleia a quem precisa de ir a pé....



Se a chama chega e ninguém chega a chama, de que vale arder.
Se o barco parte sem velas, de que serve a maré!
Não se mostra o tragécto a quem parte para se perder..... não se dá boleia a quem precisa de ir a pé!
E é quando pensas que estás a chegar e ainda não deste um passo!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

As pessoas de nós

Há quem considere que as vidas se cruzam por se cruzarem, eu acredito que cada um interfere no destino de alguém, que (des)compõe e delimita, abarca e restringe vivências.
Muitas perduram no tempo como retratos de parede, muitas desaparecem na primeira mudança da folha, quando chega o Outono, e muitas são as que vêm com as primeiras chuvas e ficam à espera que nós desabrochemos aos primeiros raios de sol de Inverno.

Há quem me tenha trazido a loucura e o prazer, a paixão e a ansiedade, a vertigem e o abismo, a certeza e a consciência, a rebeldia e a extravagância, a monogamia e a fidelidade.
Há quem me tenha trazido a paz e a verdade, a preserverança e a tranquilidade, o prazer de ser sem ter de ser ainda mais, de apenas ser e de não ter de dar para receber, e receber!
Há quem me tenha trazido a conquista, a luta e a frustração, a distância e a ausência (coisas tão diferentes), a guerra interior, a perda e a vitória, a revolta e a certeza de que há caminhos que não são nossos, mas que mesmo assim, apenas pelo prazer por prazer.... vale a pena trilhá-los.
Há quem me tenha trazido a sabedoria e a concentração, o afecto e a presença, a memória, a alma e o coração, e me tenha feito dar sem querer receber e acreditar que essa talvez seja a melhor parte.

Todos (estes) são os retratos que figuram na moldura de mim, são rostos que existem em mim porque eu quero que permaneçam, são histórias que tiveram os seus momentos de felicidade e de tristeza.... que tiveram os seus momentos.
São jóias secretas e guardadas onde habita a mais nobre manifestação de afecto e respeito: a memória.
São os que compõe a história, que traçam caminhos, que galgam montanhas, que baloiçam no vento, que pisam as folhas secas da mudança de estação e se aninham no vulgo termito dos livros, quando as palavras acabam e se lê: The End.
Sem finais felizes ou trágicos.... apenas com(sem) finais.

Não devemos, dramatizar as despedidas e as partidas, tudo tem o seu tempo, todos temos o nosso.
O que hoje terminou para mim, começará para outra pessoa, o que hoje me torna infeliz faz a felicidade de alguém, e é aí que reside a nobreza dos sentimentos.
Não podemos desejar que tudo o que amamos seja duradouro dentro de nós, porque o que é intocável aos olhos do nosso coração é totalmente livre aos olhos do destino, e o vento sopra em tanta direcção, que remar só por remar é estar a um passo do abismo e construir aí o nosso abrigo.
Deixemos o mundo tratar de nós... a vida saberá reservar para nós o que estamos dispostos e preparados a receber.