sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pensamento do dia

"Nessa encruzilhada do desejo e da necessidade, não deixes nada: não voltarás lá nunca mais."

Omar Khayyam

Bom fim de semana.


domingo, 20 de setembro de 2009

Faz de conta que está tudo bem


Fazemos de conta que está tudo bem, que tudo ficou muito melhor depois, que tudo foi apenas algo que se escondeu, com medo de se perder, com medo de se sofrer!
Fechamos a porta da nossa história com a leveza brutal da indiferença, não queremos mais saber o que fomos, se somos, quem seremos agora assim, perdidos!
Não adianta fechar os olhos e fingir que não nos vemos, que não nos queremos, que não contamos o tempo ao segundo.
Não sei quem nos fez caminhos paralelos, quem nos fez ventos de norte e de sul, quem nos encheu a alma de quilómetros, quem nos deu asas e nos amarrou ao chão.
Não sei qual de nós falhou, não sei qual de nós desistiu, não sei que muros criamos, que laços rasgamos, que lágrimas deixamos por chorar, que palavras deixamos secar.
Não sei quem foste e quem inventei, não sei de ti agora que não te tenho, não sei de mim agora que não me revejo, não sei de nós..... o que será feito de nós? Agora?

Não sei se é nobreza deixar partir, se é tão cruel amar!

Não sei se existe nevoeiro pior que este, em que o beijo se perde no corpo da gente, em que a voz se queima na chuva dos olhos!


Mas eu sei e tu sabes, que a vida quis assim, que nada neste mundo te trouxesse junto a mim.
E agora que o sei bem e que nada mais me faz pensar-te, te digo:
"Amei-te enfim, de um claro amor prestante,
E achei que te amaría além, presente na saudade.
Amei-te enfim, com tanta liberdade,
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amei-te simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude,
Com um desejo maciço e permanente.
E de ter te amado assim, tanto e amíude,
É que um dia em teu corpo de repente,
Pensei que haveria de morrer,
Por te ter amado mais do que pude."

"In Vinicius de Morais"

Mas hoje nada mais me dá de ti, esse amor outrora agreste e persistênte, ardeu num fogo fátuo a olhos nus.... aos olhos do mundo e de toda a gente....

E por fim morreu!


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sós


O que mais nos atormenta o espírito é a forma abrupta como algumas coisas terminam.

É a forma como os dias tem de prosseguir sem aquela rotina que nos fazia crescer a cada pensamento ridiculamente igual ao anterior!

A forma como o destino controí e destrói caminhos é que assusta.... a forma avasaladora como lança as cinzas contra o vento.


Sacudir a água que nos pesa nos ombros depois do rescaldo da noite não nos enchuga os olhos cansados e permeáveis.


A crença religiosa de que o mundo conspira a nosso favor, tem vezes que parece uma estórea cruel de mais para nos ser contada...


E depois vem o reviver, e o reviver...


Que nos massacra como uma torneira mal fechada que vai pingando, e vai pingando e fazendo aquele som pela noite dentro... quando o silêncio impera e quando o pingar da torneira e o silêncio da noite se misturam.


Mas o que mais nos atormenta o espírito é a forma abrupta como as coisas terminam, como deixam de estar nos lugares habituais, e a perda passa a ser demasiado pesada para ser levada ao peito.


É isso mesmo: a perda das coisas que terminam abruptamente é que nos vai tornando irremediavelmente sós!


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lisboa

Hoje Lisboa será mais amena, mas distante, mais serena.

Lisboa hoje terá um olhar diferente sobre o céu. Será o abrigo perfeito.

Lisboa hoje é um abismo sobre os dias claros, é a perfeita ilusão de que estamos recompostos, de que não somos, de que não fomos com a certeza indubia que nunca seremos.

Lisboa hoje voltará a ser perfeita repousando na visão dos dias novamente cinzentos.

Lisboa ganhou hoje uma nova alma....