segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que for que isto seja

Vejo a alma lá fora, a alma para lá desta janela, a alma para além dessas muralhas que um dia chamei caminho!
Vejo lá fora a alma, a alma lá fora quieta, a alma tão dentro desta prisão que um dia chamei crença!
A alma suspira lá fora, a alma lá fora treme de frio, desse frio que faz lá fora, tão agreste esse frio que faz lá fora, esse frio que a alma trás consigo quando se deita neste corpo que um dia se deu para lembrança!
A alma, essa, perdia cá dentro, tão dentro a alma, essa, anda perdida, tão perdida anda a minha alma cá dentro, neste silêncio que se afunda tão cá dentro, tão dentro desta alma de silêncio.
A alma vejo-a presa cá dentro, vejo a alma cá dentro tão presa, tão presa que está a minha alma cá dentro, onde não faz frio, onde nada trás frio, onde nada trás o quente de outros tempos, onde nos tempos de outros tempos havia estações. E esse frio que faz lá fora, não trás o frio para dentro desta alma que chora, perdida cá dentro e em silêncio!
E gela-se a alma cá dentro, gela-se a alma cá dentro porque vem frio de fora, porque é sempre o frio que vem de fora que gela as almas cá dentro.
E é sempre o frio dos corpos que vêm de fora, esses corpos que noutros tempos (nos tempos onde havia estações), traziam calor, que traziam calor nesses corpos, que vinham de fora, e que eram já tão nossos, esses corpos quentes que nos traziam esses outros tempos e que guardamos secretamente na memória, são esses corpos frios que nos gelam agora.
Porque esses corpos que trazem o frio, porque esse frio que vem com esses corpos, deixaram de ser presença, esses corpos gelados, esse frio que vem de fora são agora ausências.
E a alma, essa, vejo-a para lá desta janela, vejo essa alma, agora, cá dentro tão quieta, sem caminho, sem crença, longe dessa (tua) muralha, onde sopra os ventos de fora, onde o ar gela, onde os corpos se escondem no silêncio das almas..... perdidas.... cá dentro, bem dentro destas minhas janelas.

Sem comentários:

Enviar um comentário