quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Afinal

Às vezes temos sentimentos que ardem. Queimam de tal maneira que pensamos como poderemos ainda estar a respirar!
E é aí que, de repente sentimos, que afinal não estamos a respirar! Já nem sequer conseguimos respirar!
Às vezes tenho a sensação que deambulo, percorre as ruas vazias da memória. Sento-me nos bancos ausentes da esperança.
Por cima de mim apenas este mar imenso de céu sem estrelas.... por cima da mim paira aquela cinza que me saí dos poros.... por cima de mim.... por cima de mim afinal não há nada!
Mas afinal, por entre nós o que há... por entre nós o que houve.... bolas quem ocupou este pedaço de lugar onde estava o meu corpo.... oh, é só um espaço vazio.... afinal ninguém lá está!
Afinal.... afinal é sempre aquele afinal de uma vida meio completa, de uma voz semi despedida, de uma presença semi ausente, de um vulto semi presente e afinal não sobra nada!
Quem dera ter em mim um pouco de Narciso.... e afogar-me no meu próprio eu!
Afinal não foi nos teus olhos que vi a alma, afinal não foi no teu peito que encontrei repouso, mas não foi no teu braço que dormi em paz?
Afinal não foi na tua casa que encontrei refugio, não foi na tua cama que encontrei conforto e nem foi no teu coração que encontrei lugar!

Afinal, afinal foram apenas dois olhares que se cruzaram a procurar um um sol e o outro um luar, em todos os lugares onde a luz se pode cruzar.

Mas afinal já "é muito tempo a desejar o tempo, de mudar ventos, de levantar marés, é muita vida a desejar o alento, que possa fazer saber ao certo quem és ....
E tu que sabes tanto de mim, tu que sentes quem eu sou, dá-me o teu corpo como ponte que me salva do que o medo fechou."

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