"(...) Vivi iludida durante tanto tempo, julgando que o amor era feito de grandes arrebatamentos! Até o será, certamente, para os espíritos apaixonados. Mas tem de haver muito mais. Momentos perdidos no tempo não enchem dias. Noites sozinhas na cama a desejar o teu corpo ao meu lado, semanas, meses, anos de solidão povoada de segundas escolhas, até apareceres outra e outra vez, e para quê? Para me obrigares a pôr o coração ao espelho e depois desapareceres de novo? Para assegurares que o meu amor por ti se mantinha, eterno, certo, intemporal, intocável?
Tu não voltavas por mim, voltavas por ti e para ti. Os teus regressos serviam para marcares ainda e sempre o teu território. Mas tu alimentavas a ausência, o vazio, o gande equívoco de todo este amor. Porque na verdade, meu querido, estou agora em crer que nunca houve amor. Não da tua parte.
Há alguns meses, voltaste a afirmar que olhavas para trás e vias uma pessoa muito especial e importante. Mas enquanto me viveste sempre negaste, lembraste? Eu é que era a louca, que te perseguia, a teimosa que não te largava, a obstinada que não desistia (...)."
Por Margarida Rebelo Pinto in O dia quem que te esqueci.
Magnifico livro, este que ando a ler.... surpreendente.
Vale a pena ler. Como diria a autora: para as mulheres que viveram um grande amor e para os homens que o perderam!